PSICOLOGIA MÉDICA

CCBS CAMPUS II

PROFESSORA:MARILITA LUCIA CALHEIROS DE CASTRO

Material didático

A GENESE DA PERSONALIDADE. O INATO E O ADQUIRIDO

III - O desenvolvimento humano

No desenvolvimento humano dois fatos merecem destaque:

1 - A discordância de maturação. O ser humano nasce prematuramente, no sentido de que há uma discordância de maturação no plano neurológico que é própria da espécie. A lentidão do desenvolvimento motor no homem é maior que nos outros animais. Entretanto, o desenvolvimento sensorial é precoce e rápido. A criança passa a enxergar bem no final do primeiro mês, a ouvir a partir das primeiras semanas, a sentir calor e frio desde o nascimento. O afluxo de estímulos permite o aumento da tensão interna, necessária ao desenvolvimento de suas capacidades mas que pode tornar-se perigoso se excessivo. Cabe aos adultos que o cercam, a função de descarregar essa tensão excessiva. À discordancia neurológica, acrescenta-se a discrepância entre o desenvolvimento gonadico e de algumas de suas funções fisiológicas. Entre os 4-5 anos, o volume dos ovários de uma menina é idêntico ao de uma garota de 14 anos. Um menino já apresenta ereções no primeiro ano de vida mas no plano funcional, ambos só atingirão a maturidade genital por ocasião da puberdade. Esta imaturidade motora  e funcional da criança obriga-a, influenciada por seu ambiente, a desenvolver uma outra via para a descarga da tensão: a via do pensamento, do imaginário e da fantasia.

2 - A necessidade de relações, a fome de estimulos afetivos. Além do alimento, a criança necessita para seu desenvolvimento físico e mental, de relações afetivas estáveis. A experiência realizada por Skeel, nos Estados Unidos, com crianças órfãs podem ilustrar-nos isso. Skeels separou dois grupos (A e B) de crianças de um orfanato e aplicou-lhes um teste para determinar sua inteligência. O grupo A que obteve melhor rendimento nos testes, foi deixado no orfanato; o outro com resultados piores, foi enviado para um hospital psiquiátrico, onde algumas enfermas encarregavam-se das crianças, dando-lhes cuidado personalizado, bem diferente do anonimato do orfanato. O resultado é que o grupo B acabou por desenvolver-se muito mais e superou o A, nos testes de QI aplicados posteriormente. O acompanhamento dessas crianças durante 20 anos, mostrou que as que haviam sido retiradas do orfanato tiveram um melhor destino que as demais. A maioria havia concluído o segundo grau, casado e/ou estava empregada, enquanto a maioria dos que não haviam recebido esses cuidados individuais, permaneciam em instituições governamentais ou  haviam se marginalizado.

Os resultados da carência materna é observado no bebe quando ele é separado bruscamente de sua mãe, numa fase precoce de seu desenvolvimento. Isso foi observado por Spitz em crianças hospitalizadas e por Anna Freud durante a evacuação de bebes e crianças por ocasião do bombardeio de Londres na Segunda Guerra Mundial.

As conclusões foram as seguintes: Toda criança entre algumas semanas e 30 meses, que tenha uma relação estável com sua mãe, reagira a uma separação com um comportamento descrito em 3 fases:

Fase de protesto. Dura de alguns dias a uma semana. A criança procura a mãe ou quem a possa representar, chora e apresenta raiva, caindo depois num estado depressivo.

Fase de desespero. O quadro depressivo aprofunda-se, a criança fica inativa e inerte.

Fase de isolamento. A criança volta-se para si mesma e interessa-se apenas por objetos materiais. Perde as aquisições anteriores(marcha, linguagem, controle dos esfíncteres) e cai num estado de total dependência.

Estas reações dependem, da duração da separação, do vinculo mantido com a mãe, do grau de isolamento a que foi submetida a criança. E poderão ser atenuadas pela presença constante de uma figura substituta.

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