PSICOLOGIA MÉDICA

CCBS CAMPUS II

PROFESSORA:MARILITA LUCIA CALHEIROS DE CASTRO

Material didático

HISTERIA

VIII- A histeria bem sucedida

O exemplo de Anna O (Bertha Papenheim, fundadora do serviço social na Alemanha) e de Blanche (a rainha das histéricas da Salpetriére e mártir da radiologia) nos mostram uma forma especial, ainda que bastante freqüente, de evolução da neurose. Como poderíamos explicar tal evolução ? Lembremos que o combate inconsciente do histérico, combate que normalmente se manifesta através dos sintomas, é o combate por uma outra sexualidade(que não esteja explicitamente ligada aos genitais ou à reprodução), por uma outra forma de amor, pelo amor do outro. Ora, não faltam situações ou profissões que possibilitam a encenação de alguma coisa que lembra, mais ou menos, esse amor outro.

Todos sabem da atração que as profissões médicas ou paramédicas exercem sobre os histéricos. Quantas vezes durante a consulta de histéricas, não se houve a frase: ‘Doutor, o senhor exerce uma das profissões mais bonitas. Eu sempre quis estudar medicina’.  Isto não significa que na medicina existam mais histéricos que em outras profissões. Em contrapartida, o mesmo não ocorre com as profissões paramédicas. O acesso mais fácil, a divulgação freqüente feita pela literatura e pelo cinema, fazem com que essas profissões ofereçam um suporte alternativo para as fantasias de devotamento.

Na realidade, tais profissões permitem múltiplos encontros  que podem às vezes produzir inesperada acontecimentos, circunstancias com um efeito semelhante a uma interpretação psicanalítica, oferecendo ao sujeito uma descoberta de si mesmo. Isso pode ser um empurrão suficiente para que ele se livre da necessidade de se expressar através dos  sintomas.

Surpreendente e misteriosa até hoje, essa doença (?) cujos sintomas não têm qualquer substrato lesional e que podem desaparecer como em um passe de mágica... É possível que a preocupação dos grandes clínicos do passado (Briquet, Charcot, Janet, Grasset e Babinsky) em procurar as lesões causais da histeria tivesse talvez um motivo inconsciente: evitar o reconhecimento dessa inquietante verdade: “todos somos histéricos”

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